Como usar as pedras que Santa Hildegarda indica de maneira segura?

Santa Hildegarda de Bingen (1098–1179) deixou um legado riquíssimo sobre a criação de Deus: plantas, alimentos, música, espiritualidade… e também as pedras preciosas. Em seu livro Physica, ela descreve como cada pedra carrega propriedades que podem ajudar na saúde e no equilíbrio da vida. Mas surge uma dúvida importante: como usar essas pedras sem cair em superstições ou práticas contrárias à fé cristã?

Neste artigo vamos conversar sobre isso de forma simples, mostrando como aproveitar esse dom da criação com prudência e fé.

No Catecismo da Igreja Católica (CIC 2110–2111), a superstição é apresentada como um desvio do verdadeiro culto a Deus. Ela acontece quando alguém coloca sua confiança em objetos, rituais ou poderes mágicos, em vez de confiar no Criador.

Assim, se uma pessoa acredita que a pedra “sozinha” traz sorte, cura ou proteção mágica, isso já é superstição. Porém, se olharmos para as pedras como parte da criação de Deus, reconhecendo que quem cura e salva é o Senhor, então elas podem ser usadas de maneira correta, como auxílio natural.

O uso e a simbologia das pedras não foi tratado apenas por Santa Hildegarda. Ao longo da história, outros santos e padres da Igreja também reconheceram seu significado. Eles viam as pedras preciosas como sinais da criação de Deus, capazes de expressar beleza, ordem e até mistérios da fé.

Santo Isidoro de Sevilha (séc. VII)

Conhecido como um dos maiores doutores da Igreja e patrono da internet, Santo Isidoro de Sevilha escreveu uma das obras mais importantes da Idade Média, chamada Etimologias. Nesse compêndio, ele reuniu conhecimentos da ciência, da natureza e da cultura de sua época.

No livro dedicado às pedras preciosas, Isidoro descreve não apenas suas características físicas, mas também o simbolismo espiritual que carregavam. Por exemplo:

  • Ele associava cada pedra a uma virtude ou realidade cristã.
  • Explicava que a esmeralda lembrava a esperança e a renovação da vida.
  • Já o jaspe estava ligado à firmeza e à fé sólida.

Para Isidoro, as pedras eram sinais que remetiam às verdades da fé, e nunca “amuletos mágicos”. Sua visão ajudou a fundamentar a tradição da Igreja de ver beleza e significado espiritual na criação.

São João Crisóstomo (séc. IV)

Chamado de “boca de ouro” pela eloquência de suas homilias, São João Crisóstomo foi patriarca de Constantinopla e um dos grandes doutores da Igreja. Em suas pregações, ele usava frequentemente imagens das pedras preciosas para explicar a grandeza de Deus e da vida cristã.

Alguns exemplos de sua interpretação:

  • Ele lembrava que as pedras preciosas, por sua beleza e resistência, são reflexo da perfeição do Criador.
  • Em uma de suas homilias, comparou os fiéis às gemas lapidadas: cada cristão, purificado pela graça, brilha como uma pedra preciosa diante de Deus.
  • Ao falar sobre o Apocalipse, ressaltava que a Jerusalém celeste adornada com pedras preciosas não era apenas beleza material, mas símbolo da glória eterna dos santos no Céu.

Assim, Crisóstomo ensinava que a verdadeira preciosidade não está na pedra em si, mas no coração purificado pela fé e pela caridade.

Isso mostra que o uso das pedras não é novidade, mas sempre esteve ligado à fé, ao simbolismo e ao reconhecimento da obra divina.

A própria Bíblia menciona diversas pedras, não como “amuletos”, mas como símbolos sagrados:

  • O peitoral do Sumo Sacerdote (Êxodo 28,17-21) trazia 12 pedras preciosas, representando as 12 tribos de Israel.
  • O livro do Apocalipse (21,19-20) descreve as muralhas da Jerusalém celeste adornadas com pedras como jaspe, safira, esmeralda, ametista e muitas outras.
  • Os Salmos e os Profetas também utilizam imagens das pedras preciosas para falar da beleza e da fidelidade de Deus.

Ou seja, desde as Escrituras, as pedras aparecem como sinais da aliança, da beleza divina e da promessa da vida eterna.

Até hoje, as pedras preciosas têm lugar especial na liturgia e na vida da Igreja:

  • Cálices e ostensórios muitas vezes são adornados com pedras, para lembrar a preciosidade da Eucaristia.
  • Relicários e altares podem conter gemas, como sinal de reverência ao sagrado.
  • Coroas e vestes litúrgicas em ocasiões solenes podem receber pedras, não por superstição, mas para honrar a Deus com o que há de mais belo.

Seguindo os ensinamentos da santa, podemos usar as pedras como apoio natural, mas sempre lembrando que a nossa fé está somente em Cristo:

  1. Usar como sinal da criação – ao segurar ou usar uma pedra, lembrar-se de que Deus criou tudo com sabedoria.
  2. Evitar atribuir “poder mágico” – as pedras podem ajudar pela sua composição natural (calor, minerais, energia da natureza), mas nunca substituem a graça de Deus.
  3. Uni-las à oração – quando Santa Hildegarda recomendava o uso de pedras, também falava da vida espiritual. Use-as em um momento de oração, pedindo saúde e equilíbrio, sempre em nome de Jesus.
  4. Com equilíbrio e prudência – elas podem ser usadas como complemento, não como centro da vida espiritual.
  5. Em sintonia com os sacramentos – nenhuma pedra pode substituir o Batismo, a Eucaristia ou a Confissão. Elas são dons da criação, não canais de graça divina.

Hoje, muitas pessoas gostam de incluir pedras preciosas em sua rotina, mas é importante fazer isso de forma consciente, lembrando sempre que a fé está em Deus, e não na pedra. Aqui estão algumas formas práticas e seguras:

  1. Joias e acessórios – Anéis, colares, pulseiras e brincos com pedras naturais podem ser usados como lembretes visuais da beleza da criação de Deus. Uma ametista no colar, por exemplo, pode simbolizar serenidade, mas a tranquilidade verdadeira vem da oração e da confiança em Cristo.
  2. Pedras em ambientes de estudo ou trabalho – Colocar pedras como quartzo, calcedônia ou citrino na mesa ou perto do computador pode ajudar a criar um ambiente agradável e inspirador. Novamente, elas não “trazem sorte” sozinhas; servem como elementos que lembram de focar e de buscar equilíbrio emocional.
  3. Meditação e oração – Algumas pessoas seguram pedras durante a oração ou meditação, como fazia Santa Hildegarda. Isso ajuda a concentrar a mente e lembrar que Deus é quem dá força, saúde e sabedoria.
  4. Decoração consciente – Pedras preciosas podem ser usadas na casa, na cozinha ou no quarto, lembrando a presença de Deus em toda a criação. Por exemplo, uma turmalina perto da janela pode simbolizar proteção e gratidão, sem cair em superstição.
  5. Combinação com hábitos saudáveis – Seguindo a filosofia de Santa Hildegarda, as pedras podem ser um complemento natural junto com alimentos saudáveis, chás e hábitos equilibrados. A energia da natureza se alia à oração e à vida virtuosa, não substituindo-os.

Lembrete: Sempre use as pedras como símbolos e lembranças da criação de Deus, e não como objetos mágicos. Dessa forma, é possível unir beleza, espiritualidade e cuidado pessoal de maneira saudável.

Santa Hildegarda nos lembra que as pedras preciosas são presentes de Deus, sinais da Sua bondade espalhados pela natureza. Elas podem trazer benefícios naturais, mas nunca devem substituir nossa fé. A Igreja nos ensina que toda criação aponta para o Criador, e é n’Ele que está a nossa confiança.

Assim, ao usar as pedras de forma consciente, podemos unir ciência, fé e natureza, lembrando sempre as palavras de São Paulo:

“Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” (1Cor 10,31)

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Imagens feita com IA.

Fonte de pesquisa: Google, catecismo da igreja Cátolica, artigos que contam hitórias dos santos: São Isidório de Sevilha, São João Crisóstomo, Bíblia Ave Maria, Pastoral e CNBB.